sábado, 31 de dezembro de 2011

Negro, noite e estrela

       Por:    *Cida*
     Quando chego de mansinho e digo eu te amo neguinho,

     meu negrinho black is beautiful

     upa,neguinho,nessa estrada nos perdemos

     quando armo minha cabana nos teus ombros largos,

     mordendo tua boca de dentes tão claros

     luzindo na carne negra negra negra

     "A tua presença entra pelos sete buracos da minha cabeça,

      é negra negra negra a tua presença."


     E eu deito e rolo em teus braços

     cheios de areia

     arranhando delícias no meu rosto que finge espanto!...


    Ô neguinho-negrinho,de novo teu sorriso branco

    luzindo no rosto piramidal.


    Bulindo em tuas tranças de pano,

    tranças de pelo,

    trancinhas de cabelo,

    meu nego,

    dizendo não,só pra balançar

    meu coração...


    E teu cabelo não nega

    me entrega

    ao vento que adivinha meu pensamento

    enlaçando-me em tuas pernas;

    pilastras que me oferecem o equilíbrio

    de ser
   
    quase uma estrela onde brilha o teu sexo.


                                                

sábado, 10 de dezembro de 2011


Saudade desse olhar de desejo
Olhar que invade a alma
Saudade do toque de suas mãos
Do toque despretensioso
Saudade do seu cheiro
Que adentra em meu corpo
Saudade do calor de suas palavras
Que sonoramente me inspiram a te querer
Saudade de você

Por Katia Gomes da Silva

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Ai menina, tão doce como os sonhos que tenho
Quando passa, encabulada,
Faz o coração pular no peito
Saibas que por mim és amada

Ó menina, de olhos negros amendoados
Seu perfume exala e aumenta a vontade
De estar junto e de ver de perto esse sorriso
Responsável por toda uma paixão que em mim invade

Linda, de olhos que brilham e sorriem
E que me causam uma sensação
Tão carnuda como a sua boca marrom
Eu ainda não sei se você é minha salvação ou perdição

Me saliva o desejo
E fico a refletir qual o mistério escondido
Dentro desses cachos castanhos
Que me deixam perdido

Querida,
Você que cheira a flor
Saibas que inspira em mim amor
Por Katia Gomes da Silva

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Somos mais quando somos plurais

Por Katia Gomes da Silva


A cada dia a mais, está normal ser diferente, o mundo percebeu que não dá mais pra ser reducionista ao privilegiar uma estética apenas ou determinadas culturas. É possível a coexistência de vários pontos de vista, vários ângulos da realidade. O individuo continua autônomo para as escolhas identitárias, agora de forma mais democrática e libertária.


Cada vez mais está visível o quanto é belo o humano, seu corpo, seus traços físicos são de uma beleza infinda e se o mudamos é por outras razões que não são os padrões impostos para sermos aceitos socialmente. Os padrões cansam. É uma monotonia nos vermos como grandes xerox’s culturais, esteticamente falando, com os mesmos cabelos, roupas etc. É comum ser alternativo, alternativo em relação aos antigos padrões.


O mundo é complexo e suas possibilidades são várias. Não somos mais “coerentes” com uma marca, com a única opção do “ou”, temos infinidades com o “e”. É tão legal agregar, somar, respeitar, trocar, integrar, se relacionar. Somos mais quando somos todos, quando conectados em pluralidade e em variedade, ganhamos, assim, em qualidade e em compreensão da vida.

sábado, 12 de novembro de 2011

Em cima do muro espio:
a vida que passa,
que vai,
que circula,
que volta,
vida que também me vê...

Katia Silva

Escrito por regina Brett, 90 anos de idade, assina uma coluna no The Plain Dealer, Cleveland, Ohio.

 "Para celebrar o meu envelhecimento, certo dia eu escrevi as 45 lições que a vida me ensinou. É a coluna mais solicitada que eu já escrevi."
Meu hodômetro passou dos 90 em agosto, portanto  aqui vai a coluna mais uma vez:

1. A vida não é justa, mas ainda é boa.

2. Quando estiver em dúvida, dê somente o próximo passo, pequeno.

3. A vida é muito curta para desperdiçá-la odiando alguém.

4. Seu trabalho não cuidará de você quando você ficar doente. Seus amigos e familiares cuidarão. Permaneça em contato.

5. Pague mensalmente seus cartões de crédito.

6. Você não tem que ganhar todas as vezes. Concorde em discordar.

7. Chore com alguém. Cura melhor do que chorar sozinho.

8. É bom ficar bravo com Deus; Ele pode suportar isso.

9. Economize para a aposentadoria começando com seu primeiro salário.

10. Quanto a chocolate, é inútil resistir. 

11. Faça as pazes com seu passado, assim ele não atrapalha o presente.

12. É bom deixar suas crianças verem que você chora.

13. Não compare sua vida com a dos outros. Você não tem idéia do que é a jornada deles.

14. Se um relacionamento tiver que ser um segredo, você não deveria entrar nele.

15. Tudo pode mudar num piscar de olhos. Mas não se preocupe: Deus nunca pisca.

16. Respire fundo. Isso acalma a mente.

17. Livre-se de qualquer coisa que não seja útil, bonito ou alegre.

18. Qualquer coisa que não o matar o tornará realmente mais forte.

19. Nunca é muito tarde para ter uma infância feliz. Mas a segunda vez é por sua conta e ninguém mais.

20. Quando se trata do que você ama na vida, não aceite um não como resposta.

21. Acenda as velas, use os lençóis bonitos, use roupa chique.  Não guarde isto para uma ocasião especial. Hoje é especial.

22. Prepare-se mais do que o necessário; depois, siga com o fluxo.

23. Seja excêntrico agora. Não espere pela velhice para vestir roxo.

24. O órgão sexual mais importante é o cérebro.

25. Ninguém mais é responsável pela sua felicidade, somente você.

26. Enquadre todos os assim chamados "desastres" com estas palavras "Em cinco anos, isto importará?".

27. Sempre escolha a vida.

28. Perdoe tudo de todo mundo.

29. O que outras pessoas pensam de você não é da sua conta.

30. O tempo cura quase tudo. Dê tempo ao tempo.

31. Não importa quão boa ou ruim é uma situação, ela mudará.

32. Não se leve muito a sério. Ninguém faz isso.

33. Acredite em milagres.

34. Deus ama você porque ele é Deus, não por causa de qualquer coisa que você fez ou não fez. 

35. Não faça auditoria na vida. Destaque-se e aproveite-a ao máximo agora.

36. Envelhecer ganha da alternativa "morrer jovem".

37. Suas crianças têm apenas uma infância.

38. Tudo que verdadeiramente importa no final é que você amou.

39. Saia de casa todos os dias. Os milagres estão esperando em todos os lugares.

40. Se todos nós colocássemos nossos problemas em uma pilha e víssemos todos os outros como eles são, nós pegaríamos  nossos mesmos problemas de volta.

41. A inveja é uma perda de tempo. Você já tem tudo o que precisa.

42. O melhor ainda está por vir.

43. Não importa como você se sente, levante-se, vista-se bem e apareça.

44. Produza!

45. A vida não está amarrada com um laço, mas ainda é um "presente"."

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

A missão de viver

Por Katia Gomes da Silva
Não faz sentido viver por viver. Pra viver, tem que ter vontade de viver. Já não dá mais pra viver descompromissadamente. Viver exige cuidar e cuidar tem relação com poupar, tratar, manter. Quem cuida sempre tem e pra isso a cidadania é o elemento mais significativo. A vida coletiva não é diferente da vida individual, é cuidar do que é nosso, do que deixaremos para os nossos filhos. Uma vez me disseram que rezar pra Deus é cuidar: é ser solidário com o vizinho, com o outro que nem conhecemos; é proteger a infância, as crianças que são de responsabilidade de todos nós. É plantar, cuidar dos animais. É limpar. É procurar a alegria e a boa vontade. É estar disposto. É lutar por si e pelos demais. Rezar é buscar o equilíbrio do mundo e das coisas. É crescer com sustentabilidade. É ter cuidado, é prezar, é ter consciência. Rezar não é ficar pedindo pra ter o melhor carrão, a mansão e ficar rico. Rezar é se ligar a Deus, pensando o bem, fazendo o bem, para transformar as coisas, afinal “gentileza gera gentileza”.
 É claro que a questão-chave disso tudo está na educação, na ação de educar. No sentido mais amplo da educação, de responsabilidade de todos nós, ao darmos o exemplo para que as coisas boas sejam repassadas. Conseguimos uma sofisticação impressionante de sociedade, mas nos perdemos em paixões, paixões no sentido de estarmos movidos por sentimentos irracionais, pois são elas também que nos configuram como humanos e não máquinas. Não devemos perder nossa sensibilidade, mas precisamos nos comprometer com o “pacto social” (fazendo uma referência à política clássica), e também entender e praticar o sentido real da Revolução Francesa (nos lemas: fraternidade, igualdade e liberdade).
A escola é o ambiente em que precisamos nos esforçar ainda mais e lutar por sua proteção e qualidade. Ali o mundo é gerado, ali nascem idéias, conceitos são passados. É onde está nossa sobrevivência, científica e cultural, e é lugar propício para perpetuarmos nossos desenvolvimentos sociais. O ponto aí são os profissionais da educação que precisam ter uma formação de qualidade e serem valorizados profissionalmente. Por meio da educação, um novo mundo é possível, mais justo e igual. O bem, a ética e a justiça são idéias e ações que são passíveis de aprendizagem e apreensão, logo são possíveis, não é utopia, podem ser sim realidade. Basta querer meu Brasil!

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Saberes interligados

Por Katia Gomes da Silva
O tempo não para. Estamos em constantes mudanças e com elas vêm os avanços tecnológicos e novas formas de pensar o mundo. A escola e a educação estão dentro desse processo. Portanto, é necessário haver a eterna preocupação em se atualizar. O ensino tradicional, conhecido e trabalhado da mesma forma ainda nos dias atuais, deve ser repensado, a fim de corresponder às demandas desse novo mundo que já nos abriu as portas.
A forma mais comum de aprendizagem consta de disciplinas separadas em tempos de aulas, formando os alunos dentro do universo daquelas matérias de forma cartesiana, isto é uma visão linear das coisas, megaespecializada, entendendo a ciência em suas minúcias acadêmicas pela busca do máximo do aprofundamento para se aprender e, conseqüentemente, depois divulgar para a sociedade.
Essa visão que fragmenta os estudos não deve ser abandonada. Entretanto, ela deve dar conta de outras partes para que haja a composição do todo novamente. É como aprendemos no colégio, com a famosa frase de Gestalt, “o todo é a soma das partes”. Contudo, muitas práticas pedagógicas não se preocupam em fazer esses links depois. Com isso, a aprendizagem fica comprometida ou vista como sem sentido para muitos alunos.
O mundo está cada vez mais interligado, com notícias aparecendo instantaneamente com fácil acesso a todos. Estar preparado para saber criticar as informações recebidas, assim como transformá-las em formas úteis de trabalho ou saber mudar a vida tal qual ela nos é apresentada é um desafio atual para todos os viventes. A escola tem que se preocupar com isso, ou seja, deve inovar suas práticas pedagógicas de forma a mostrar o conhecimento mais integrado, trazendo uma visão mais abrangente das coisas, mais totalizado. Isso é possível por meio da interdisciplinaridade.
Esse nome comprido e que está em voga nada mais é do que integrar os saberes. Sua finalidade é em esclarecer o conhecimento para além dos limites e fronteiras existentes nas disciplinas. De forma dialógica, as disciplinas diversas se complementam para explicar um assunto que terá mais facilmente em ser aprendido se for para além dessas fronteiras, das matérias fragmentadas.
Pensar o aquecimento global, a globalização ou a democracia, por exemplo, é necessário ultrapassar as divisões demarcadas nas disciplinas. Por meio dessa interação, o saber se torna mais interessante e mais completo. Assim, o aluno possuirá mais noção sobre a composição das partes fragmentadas em disciplinas e também saberá coordená-las, vendo a junção das diferentes partes que estão tentando dar conta das complexidades da vida.
Não se trata de uma competição das disciplinas, muito menos o esvaziamento delas, ao se unirem para enriquecer o ensino, logo demonstrarão com mais propriedade os diferentes ângulos da vida.  Trata-se de ressignificar os métodos pedagógicos e repensar os conteúdos, organizando e divulgando os conhecimentos de maneira articulada para que os alunos estejam preparados para as demandas da vida em sociedade, respondendo às exigências impostas por esse mundo globalizado e interligado, do qual todos nós fazemos parte.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Onde estará o meu amado?

Por Katia Gomes da Silva
Onde poderá estar o meu amado? Próximo? Distante?
Onde estará o meu amante?
Será que ele está a me imaginar como eu seria, assim como eu fico?
Ou pode estar ele à toa a princípio?
Estará ele a passear, a cantar, a se divertir, nesse momento?
Ou pensa que sua vida é um tormento?
Estará ele acompanhado ou estará sozinho?
Quando ele esbarrará no meu caminho?
Será que ele pensa, em um dia, me encontrar?
Será que ele está perto de me achar?
Isso acontecerá como puro acaso do destino?
Ele estará a me procurar como em desatino?

Quando irei conhecê-lo?
Quando terei-o?

Quanto amar-te-ei?

Um dia, meu bem,
Nossas vidas se tocarão
E tal como a eterna renovação
Ao som da canção
Nossos corações dançarão
No compasso sincopado do samba

Beijos de quem não o conhece e já o ama...

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Conversas com meu pai

Por Katia Gomes da Silva
Numa dessas saídas com meu pai, ele estava a falar dos antigos bailes de interior os quais ele participava em sua mocidade, isso por volta da década de 1950. Ele me dizia “aquilo que era música, aquilo que era dança. Tudo arrumado, com muito respeito, não era essa bagunça de hoje em dia. Eu gostava de tocar instrumentos e dançar até o dia amanhecer. Os bailes e as festas eram preparadas com semanas de antecedência, com muita comida, e as mulheres se preparavam passando banha nos cabelos.” Fora a parte da banha, todo o resto me encantava, ficava a imaginar esses bailes em minha mente.
Meu pai sempre “arranhou” em alguns instrumentos musicais, talvez seja por isso que eu admiro tanto os músicos, a questão do ouvido para a música e principalmente quanto à disciplina. Também deve ser uma das razões que me fizeram querer cantar em coral e fazer dança de salão. Meu pai não entendia direito sobre o coral, mas ficou animado com a dança, perguntou-me se eu já tinha aprendido marcha, rumba etc, eu expliquei que eles ensinavam outros ritmos, falei do bolero e ele logo questionou de que tipo e listou alguns, dos quais só me recordo o nome bolero mambo. Disse-lhe que era bolero, bolero, ele respondeu apenas um  “sei”. Acho que não o convenci muito e mostrei minha quase total ignorância no assunto. rs
Um pouco mais de conversa e ele começou a contar sobre as enormes casas da roça e dos seus tipos e estilos. Ele quis saber se eu conhecia a casa de sapê, contei que só conhecia pela música. Depois ele comentou sobre os animais que ele convivia, falou-me de uns bichos que nunca ouvi o nome e ele percebeu minha surpresa. Ele logo suspira “essa vida da cidade...”.
Mais tarde, ele avistou uma árvore e perguntou-me o nome. Eu disse que não sabia. Meu pai quase que indignado me indaga: “minha filha, pra que você estuda tanto se não sabe nada das coisas da vida?”. Só pude responder: “É pai (detalhe que ele não tem nem o primário completo), o Sr. tem toda a razão...”

domingo, 21 de agosto de 2011

A casa dos saberes

Por Katia Gomes da Silva
As chaves fecham e abrem o livre desejar,
As cortinas sabem de desejos
que eu nunca pensei em contar.


Livros da estante acusam de não terem sido lidos,
As gavetas denunciam passados mantidos,
O guarda-roupa me alerta que há sentimentos a serem vestidos.


No banho, a água me bebe
E percebe
A agonia de problemas não resolvidos,
O fogão aquece sonhos perdidos,
A geladeira mantém pensamentos esquecidos.


Nos lençóis, repousam milagres abandonados,
O alarme desperta medos silenciados.


Os cd's entoam a voz da consciência,
O sofá senta as decisões com veemência.


Sob a mesa, estão contas vencidas de um futuro incerto
As janelas refletem a sombra do amor, que de perto,
Clama a paixão prometida.
A porta vigia a busca da solução, da melhor saída.


O ventilador refresca idéias inutilizadas,
A tv apresenta vontades acabadas.


O rádio narra notícias distantes do vizinho ao lado
A cama inflama e procura o corpo do amado.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

CRIADO-MUDO

De: Mário Prata (do livro "Minhas Tudo")

Tudo começou quando resolvi me mudar do décimo para o quarto andar, aqui mesmo, neste edifício da alameda França. Um carrinho de supermercado seria o suficiente. Queria fazer lá embaixo um lar, já que isso aqui virou um vício. E, como todo vício, tesão! Lá no quarto andar, tem 4 apartamentos. Eu não conhecia ainda os vizinhos quando o fato se deu. Passei o dia levando coisas lá para baixo. Há dois dias faço isso ajudado pela Cristina. Uma das últimas viagens e lá ia eu com a Cris ao lado, descendo pelo elevador. Carregávamos o criado-mudo. O criado-mudo tem uma gavetinha. Quando a porta se abriu, tinham duas famílias esperando. Meus vizinhos. Pai, mãe, crianças e até uma avó. Foi quando eu estendi o braço para me apresentar como o novo vizinho que tudo aconteceu. E foi muito rápido. Muito. Quando eu tirei a mão do movelzinho para cumprimentar aqueles que agora são meus vizinhos, a gavetinha deslizou. Eu ainda tentei uma gingada com o corpo pra ver se evitava a catástrofe, mas não adiantou. A filha da puta estava indo para o chão, lisa como quiabo. Estava indo para o chão com tudo dentro. E não existe nada mais indiscreto que uma gavetinha de criado-mudo de um homem que mora sozinho. Ou mesmo que não more. Ali você vai jogando coisinhas, papéis. Coisas, enfim. Coisas que só têm um destino na vida: a gavetinha do criado-mudo. Entre a danada escapar do móvel e esparramar tudo pelo chão, não devem ter sido nem dois segundos. Mas estes dois segundos foram sofridos. Neste pedacinho de tempo tentei, em vão, me lembrar do que era que tinha lá dentro e, conseqüentemente, toda a vizinhanca ia ver. Além da Cristina. Não deu outra. A gaveta caiu de quina e tudo voou. E voou tudo de cabeça prá cima, tudo querendo se mostrar. Ar livre. Há quanto tempo aquilo tudo não via a luz do dia, já que ficavam debaixo do abajur lilás? E não ficou tudo amontoadinho, não. O material se esparramou legal pelo hall. Diante do que vi no primeiro bater de olhos, a ideia foi pular em cima e cobrir tudo com o corpo até todo mundo sumir dali. Sim, na gavetinha do criado-mudo a gente joga tudo. Pelos meus cálculos, devia ter coisas ali dos últimos cinco anos. Que, é claro, eu não saberia dizer. Eu não tinha ideia do que é que estava indo para o chão e aos olhos da vizinhanca estupefata. Um pedaço da minha vida estava ali, no chão, sujeito à visitação pública. Uma vergonha. E o pior é que não dava para pegar tudo de uma vez.Teve pilha que rolou escada abaixo. Moedinhas rodopiavam sem parar, fazendo aquele barulhinho. A primeira coisa que a Cristina recolheu foi um par de brincos douradérrimos. Que não eram dela. E eu não ia explicar ali que eu não tinha a menor idéia de quem fossem. Podia estar ali há cinco, seis anos. As crianças olharam para três camisinhas e deram-se sorrisos cúmplices. Não foi bem este o olhar da Cris. Aquele pequeno despertador quebrou o vidro. Estava parado às 10 e 10 do dia 23, sabe-se lá de que mês ou ano.Três edições da Playboy Velhas. Uma daTiazinha. Constrangimento. Prá minha sorte, bem ao lado caiu a História da Filosofia, de I.Khlyabich. E o livro daquela jovem namorada do Sallinger, do Apanhador no Campo de Centeio. Amenizou um pouco. Trata-se de um masturbador de campo de pentelhos. E as camisinhas eram de 98, tava escrito lá. Limpou um pouco a barra. Um pouco. Sim, por outro lado, mostrava que desde 98 que eu... deixa prá lá.Tinha o menu da minha aula de culinária de março. Naquele dia aprendi a fazer crepe de pancetta e brié, com a professora Bia Braga, junto com o Frei Betto, aluno também. Tinha procurado tanto o Guia de Acesso Rápido do celular. Tava lá. Agora eu ia aprender a apagar os telefones vencidos da caixa. Meu Deus, o que é aquilo no pé do garoto? Viagra! E o filho da puta pegou e mostrou para o pai que me olhou com pena, com dó: tão jovem e... Tive que dar explicações: - Hehe, é o Jair, que é do 103, psicanalista, amostra grátis, aí. Tem dois. Já ia dar uma explicação da experiência que tinha tido com o que não estava mais ali, mas achei que os pais não iriam ouvir de bom grado, diante das crianças. Viagra é a maior sujeira, posso te garantir. Acho que não convenci ninguém. Cris, com os alheios brincos na mão, escondeu o Viagra. Vexame total. Mas isso era só o começo da minha ida esparramada no chão de mármore.
- a conta da compra do computador que eu dei para a minha irmã;
- duas pilhas Duracell que jamais saberemos se estão boas ou já usadas. Esse
problema de pilhas soltas me enlouquece;
- sabe aquelas moedinhas de orelhão que não funcionam mais? Várias;
- uma foto minha com a atriz Manoella Teixeira, abraçados na porta do Ritz (isso
foi há dois anos, fui logo explicando);
- uma cartela de Lexotan, uma de Frontal e uma de Zoloft. Pronto, os vizinhos não
teriam mais dúvidas. Um louco deprimido se aproximava;
- quatro canetas BIC que eu duvido que ainda funcionem;
- uma capinha de celular que eu comprei há uns quatro anos e não serviu;
- uma caneta dessas de marcar texto, aquela amarela, sabe? Seca, é claro;
- um tubo de Redoxon, vencido há várias gripes;
- um lápis sem ponta, aliás, dois;
- um papelzinho com um telefone que jamais saberemos de quem é;
- outro papelzinho com um telefone (procurei tanto... Agora não vai mais adiantar);
- um benjamim;
- um tubo (suspeitíssimo) de Hipoglós;
- mais uma cartelinha (quase vazia) de Frontal;
- um disquete de computador sem nada escrito nele. O que pode ter aqui?;
- um par de óculos escuros que nunca foram meus;
- umas cinco ou seis chaves que nunca saberei que portas abrir;
- dois tubos de KY, que quem sabe o que é pode imaginar o meu ar de sem jeito. E o cara do 43 levava jeito de saber, pela olhadinha que deu para a esposa que ficou
vermelhinha. Ela devia gostar de KY;
- um livrinho mandado (e escrito) por um leitor, com o nome Ser Gay é Ser Alegre. Como explicar isso de joelhos?;
- e, para encerrar o meu derrame, um papel em branco com um beijo de batom vermelho, bem no meio. Tentei dizer que era da minha afilhada, Maria Shirts, mas não colou. Fui recolhendo aquilo tudo, aqueles pedaços da minha vida e colocando de novo dentro da gavetinha. E me levantei. Entramos em silêncio no apartamento, certo de que ia começar uma nova vida ali. Mas logo cheguei à conclusão de que a gente nunca começa nada, a gente continua.Ajeitei o criado-mudo ao lado da cama. Fiquei olhando para o indiscreto móvel que eu achava mudo. Mas que, em dez segundos, contara cinco anos da minha vida.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Difícil

De: Hozana Beatriz Leite Cabral (uma amiga)

Por que mesmo nem sempre querer é poder?
Por que a pressa consome o tempo?
É tão bom poder dizer "liberdade para viver"
Mas isso corresponde geralmente a tempo perdido.
A vontade é de relaxar e filosofar,
Sentar e falar por horas e horas sobre a natureza, sobre o que se sente, sobre a vida,
Mas isso também corresponde a "perda de tempo"
Mas que tempo é esse que não nos permite viver?
É o tempo das responsabilidades
O tempo dos estudos
O tempo que prende ao invés de libertar.
As obrigações estão postas, a opção única é cumpri-las.
A vontade é de crescer,
Não só nessa academia intelectual,
Mas crescer nessa vida que ninguém tem a fórmula exata de como utilizar.
Eu quero crescer em espírito,
Quero crescer e simplesmente...
Ser.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Amor e Musica

De: Fábio Ramos

Ao longo da minha vida tenho presenciado muitos tipos de amores.

Amores platônicos, amores avassaladores, amores frios, amores carinhosos, amores alegres, amores tristes, amores sem amor...

Tantos tipos e de tantas maneiras...

E eu como musico vejo que a vida imita a arte. Acho muito mais correto dizer que o amor se assemelha a musica do que a qualquer outro tipo de coisa.

O amor é o reflexo perfeito da musica.

Tem pessoas que são como os pianos... Passam a vida sem se ligar muito a ninguém. Eles tocam sozinhos e às vezes fazem um dueto, tocam com orquestras. Mas pra eles não é tão necessário alguém pra complementar. E assim eles passam a vida... Tocando em muitas sinfonias, concertos, shows. Mas no fundo estão sempre sozinhos. Egoísmo? Autosuficiência? Talvez um pouco dos dois. O importante é saber se ele está feliz com a sua musica ou se precisa de outro instrumento pra completá-lo.

Tem pessoas que são como violões. Podem tocar sozinhos, mas normalmente preferem ter alguém pra completá-los. Eles podem tocar uma musica sem precisar de ajuda de outros instrumentos. Mas seu som não fica tão gracioso como deveria. Falta brilho, falta algo. Falta uma voz ou um instrumento pra fazê-lo chegar até os céus.

Tem pessoas que são como os instrumentos de percussão. São alegres, espontâneos. Trazem alegria aonde vão. Mas não são tão felizes se não tiverem um cavaco, um violão ou até uma cuíca pra deixar a sua presença mais irradiante, mas bela.

Tem pessoas que são como os violinos e os saxofones. Seus sons são lindos, melodiosos, sexy. Muitas vezes sozinhos causam grande emoção e inspiração. Mas que no fundo seriam muito mais virtuosos com um piano ao seu lado. Um violão, ou talvez até mesmo um contrabaixo acústico.

É isso que as pessoas não entendem. Que a musica é bela, é sensível, assim como o amor. Não pode ser quebrada essa harmonia.

Muitas vezes vemos Violinos tocando com outros violinos. Fica bonito. Mas falta algo. Não se completam. Nem sempre as mesmas afinidades significam que haverá harmonia.

Muitas vezes vemos Pianos com pandeiros. Fica bonito, dá pra fazer uma musica. Mas parece que não encaixa bem. Não causa o efeito que deveria.

E assim é o amor. Vemos pessoas muito parecidas que não se completam e vemos muitas pessoas opostas que até parecem ter sintonia, mas depois descobrem que não era aquilo que elas esperavam.

Agora definir que instrumentos ficam bem uns com os outros é uma tarefa difícil. Exige saber o repertorio de cada instrumento. O gosto musical. E o que ele espera produzir sonoramente.

A nossa tarefa é descobrir que instrumentos somos e achar um instrumento que possa completar nosso som e compor uma linda musica que traga emoção e vida pra quem escutar.

Isso não significa que não possamos passar algum tempo tocando sozinhos... Às vezes não existe nada mais belo que um piano tocando Sonata ao Luar. Assim como um violino tocando Meditação de Thais. Mesmo sem acompanhamentos...

Mas assim é o amor. Uma eterna canção. Onde haverão solos, harmonias complicadas, duetos, melodias complexas e muitas vezes melodias simples e que trazem muita emoção. Às vezes existirão orquestras e às vezes um singelo solo de uma triste trompa ecoando dentro de um teatro qualquer.

E assim prossegue cada instrumento. Ora fazendo duetos. Ora tocando com orquestras. E muitas vezes tocando sozinhos numa noite escura. O importante é não deixar o instrumento parar de produzir sua melodia. Afiná-lo de vez em quando, comprar novos acessórios e nunca, jamais deixar de tocá-lo. O fim de cada instrumento só o destino poderá dizer.

Espero que nenhum instrumento possa terminar jogado dentro de um velho armário empoeirado ou em alguma parede como decoração. Que ele possa tocar trazendo harmonia, amor, luz e felicidade pra quem o ouvir. E que ele pare de funcionar dessa forma. Tocando com beleza e magia suas últimas notas. Que ele possa trazer emoção até o seu último momento como criador de sentimentos.

Disponível no link: http://confissoesdeumsaxofonista.blogspot.com/2009/12/amor-e-musica.html 

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

O Amor - procura-se (há recompensa)

Por Katia Gomes da Silva
Quanto mais o tempo passa e eu conheço as pessoas, mais profundamente ou mais pessoas mesmo, percebo que a variedade é infinita. Pensando nisso, fica cada vez mais claro que existem pessoas pra todos os tipos no mundo, o lance da tampa certa pra panela, sabe? Existem pessoas que gostam de outras que sejam ciumentas, ou que sejam grudentas. Tem gente que não suporta. Tem gente que gosta de gente independente, outros preferem as dependentes. Tem gente que gosta de pessoa resolvida, outros gostam de gente problemática. Sério! Existem pessoas que gostam... rs E por aí vai.

Todos os meus amigos sabem que eu acredito no amor, apesar de ainda não o ter encontrado. Fico me imaginando sofrendo por amor, porque afinal amar é sempre sofrer, concordam? Algumas amigas ficam me dizendo que o AMOR não existe, que as pessoas se gostam, podem até se apaixonar e tal. Tem outras que já viveram e falam que não querem mais repetir, correm do amor, porque sofreram demais.

Conforme eu vou então conhecendo as pessoas e vendo que elas são diversas e procuram essa diversidade também, me confirma que estou certa na minha esperança do amor. Apenas o tal “cara certo” ainda não apareceu. O tal que seria o interessante, o admirável, mas não necessariamente o perfeito.

A gente se ilude e se desilude com muita facilidade, não sei se é devido à carência do mundo. Porque está visível que o mundo está carente, apesar de não quererem admitir isso. As pessoas estão com uma grande urgência de serem ouvidas. Às vezes fico impressionada com isso, com essa carência toda. Todo mundo só quer atenção, mas tem gente chata que não dá nem pra gente dar o mínimo de atenção, porque senão a gente se arrepende rapidinho (tenho uma em mente nesse exato momento... rsrs)

Portanto, acredito na existência do amor para todos. O grande dilema consiste em encontrá-lo, pois podemos, sem querer, deixar passá-lo e não reconhecê-lo, não ter investido, ou termos nos fechado de tal maneira que impossibilitou sua notoriedade, não estar à disposição para amar e ser amado(a). Podemos estar procurando em lugares errados, nos perdendo por aí e etc.

Nem sempre estar acompanhado, seja um namoro, casamento ou qualquer outro tipo de relacionamento, significa que já encontramos o amor. Muitas vezes nos conformamos ou optamos por determinados casos pelos nossos diversos medos, o da solidão principalmente. Até essas pessoas devem ter crença no amor. Não há garantia de encontrar o par perfeito, mas a possibilidade é real.

Então pessoas, não percam a esperança e estejam de olhos atentos!

domingo, 31 de julho de 2011

De: Agda Yokowo

“Vai menina, fecha os olhos. Solta os cabelos. Joga a vida. Como quem não tem o que perder. Como quem
não aposta. Como quem brinca somente.

Vai, esquece do mundo. Molha os pés na poça. Mergulha no que te dá vontade. Que a vida não espera por você. Abraça o que te faz sorrir. Sonha que é de graça.

Não espere. Promessas, vão e vem. Planos, se desfazem. Regras, você as dita. Palavras, o vento leva. Distância, só existe pra quem quer. Sonhos, se realizam, ou não.

Os olhos se fecham um dia, pra sempre. E o que importa você sabe, menina. É o quão isso te faz sorrir.

E só.”

domingo, 26 de junho de 2011

Digo o que sinto

De: Cesar Santos

"O normal é fazer tum-tum,
Com você por perto faz
"Pluct, plact, zum...", um carnaval,
Que todo ano tem o mesmo enredo.

As bússulas apontam para o norte,
Meu coração aponta para você,
Por isso não me perco do amor,
Tudo pela atração magnética.

Dizem que todos os caminhos,
Me levam até você,
Eu digo que contigo
Vou por qualquer caminho..."

Poema disponível em http://poesiascesarsantos.blogspot.com/2011/05/digo-o-que-sinto.html

domingo, 29 de maio de 2011

Interligar-se ou desligar-se? Eis a questão!

Por Katia Gomes da Silva
O mundo atualmente vive uma explosão de novas tecnologias de informação e comunicação. A todo o momento temos a divulgação de novos aparelhos, novos instrumentos e novos formatos de distribuição da informação que supera a todas as outras antes utilizadas. Estamos conectados virtualmente a lugares e pessoas diversas. Para a geração que nasceu com essas novas tecnologias e vive essas constantes mudanças há uma naturalidade nessas novidades, quando que para gerações anteriores, parecem que as mudanças estão cada vez mais velozes, mal dando para se acostumar e adaptar com determinadas tecnologias, parece que automaticamente já temos outras, a seguir, as ultrapassando.
                As redes sociais têm sido a grande base de comunicação entre as pessoas. Entre si elas já mostram suplantações e atualizações constantes, a fim de continuar ativas entre a sociedade virtual, que se mantém em contato com várias pessoas, acompanhando suas vidas e trocando informações num tempo e disponibilidades impossíveis se fossem de forma física, pessoalmente. Logo, o contato físico tem diminuído, transformando assim os relacionamentos pessoais e também profissionais frente à vida. São outros tipos de relacionamentos, formas distintas de contato e de acesso às informações.
                A televisão e o rádio foram muitas vezes divinizados pelo alcance das informações, mas também execrados pelo seu poder manipulador, de certa maneira, na vida das pessoas e padronização. A internet, ao contrário, nos possibilita um acesso à informação de modo seletivo. Escolhemos o que queremos saber, seja pelos sites informativos e jornalísticos, seja pelos sites de busca que nos levam ao foco do que procuramos.
                São novidades onde a adaptação se mostra importante para a sobrevivência nesse mundo globalizado e interligado virtualmente. No entanto, também devemos criticar essa mesma sociedade online quanto à perda de habilidades que estão desaparecendo. A diminuição do contato físico e a facilidade do encontro de informações estão transformando nossa maneira de viver o mundo e de estar nele. Corremos o risco de nos tornarmos mais duros, insensíveis frente ao outro, aumentando o egoísmo e a invisibilidade do outro em nossas vidas e desejos. A falta de paciência parece estar cada vez mais comum entre as pessoas. Temos lidado com outro de forma a atender nosso íntimo, onde as pessoas estão quase que sendo objetos para a finalização que somos nós apenas. O espetáculo tecnológico tem modificado nossas estruturas de viver socialmente, portanto, se mostra urgente prestarmos atenção para não sermos mais uma das peças desse mecanismo maquinário da vida, em seu formato tecnológico. Somos humanos e essa essência não pode ser esquecida, frente ao mundo do sistema, que tem virado quase que um ser entre nós.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Ele

Por Katia Gomes da Silva
Ah! Quando ele passa...
Do peito, quase que salta o meu coração
E ele nem nota que eu fico a admirá-lo
Esperando, um dia, lhe despertar paixão.

Senhor de si,
Ele passa sempre confiante.
Que postura, que charme,
Que sorriso radiante!

A presença dele me embriaga
Me mata
Me tira o ar.
Ao vê-lo,
Fico, em meus pensamentos,  a me deliciar.

Ah! Se eu pudesse, nesses braços, me aninhar.
Ah! Se eu pudesse, com meus lábios, o tocar.

Deus sabe como eu o quero
Há em mim tanto desejo
Ah! Como venero
Essa boca, poder dar um beijo.

Fico a matutar,
Em como, a atenção, lhe chamar
Para um dia,
No caminho da sua vida, poder trilhar.

Poesias da Sonia

"Hoje acordei pensando numa canção,
Num tom.
Maior ou menor?
De amor ou de amigo?
Canção com muitas fusas e semi fusas,
Tocadas ao piano.
E eu nem sei tocar!
Uma canção que lembre nossos momentos
Nosso amor
E eu nem te amo mais!"


"Ai!
Essa saudade que me mata
e me maltrata
Saudades...
Saudades do teu cheiro,
Saudades do teu sussurro,
Saudades da tua barriga calma e suave
Saudades dos enlaces frenéticos de nossas pernas
Dos nossos corpos
Saudade de tua sede
Do teu suor
Do teu sexo
Saudades de nós."

Autora: Sonia Santos

terça-feira, 17 de maio de 2011

De: Sonia Santos (minha amiga)

Daí eu disse ao meu coração:
Não me deixe sofrer
Não sofra, disse-me ele
Sofra só um pouquinho
Na medida certa
Para sentir o gostinho
Após, arranje um jeito de sair,
Pular,
Cantar,
Pisar no chão e
Desencanar.

Cores


De: Cesar Santos

Quero ter uma vida maravilhosa,
Te ouvir em ritmo de "Bossa Nova",
Te amar em rimas de poemas e prosas,
E pela manhã te enviar buquês de rosas.
Por você, na Sibéria fico/corro/ando nú,
Grito seu nome do norte para que ecoe no sul,
Dar compasso ao coração como no maracatu,
Nado toda essa imensidão de cor azul.
Te dou meu sorriso mais sincero,
Um simples abraço seu, é o que eu espero,
Se quiser pinto nosso quarto de amarelo.
Na verdade, pinto da cor que quiser,
Mudo a cor de toda a minha vida,
Do preto fui para o branco e depois para você.
 
Disponível em: http://poesiascesarsantos.blogspot.com/2011/03/cores-quero-ter-uma-vida-maravilhosa-te.html#comments

domingo, 20 de março de 2011

O roubo no ônibus

Por Katia Gomes da Silva
A história que aqui vou contar foi me dita por uma amiga, a quem tinha sido confidenciada por outra amiga, a tal que passou pelo acontecido.
Certo dia, num ônibus onde o destino era longe, uma senhora estava bem cansada e foi tirar um cochilo, desses difíceis de resistir. Quando ela acorda, ela repara que o homem ao seu lado, usava um relógio exatamente igual ao que ela tinha. Ao olhar para seu punho, descobre que estava sem seu relógio e ela fica pensando: “seria esse o meu relógio?”. Ela fica refletindo sobre o assunto e conclui que aquele era o seu relógio, pois ela usava-o diariamente. Achou aquilo o fim do mundo, pois como podem roubar as pessoas assim, dormindo?! Indignada e para que o mundo não continuasse com essas liberdades extravagantes, ela resolveu agir. Ela abre a bolsa, retira um canivete e ameaça seu colega de ônibus declarando: “passa meu relógio agora!”. O cara obedece! É claro!
Pouco tempo depois, chega seu destino, ela desce toda orgulhosa de seu feito, de ter recuperado seu relógio, quem sabe desse jeito o cara se mancaria e não roubaria mais as pessoas, sabendo do risco que se corre com essas atitudes.
Ela chega a sua casa e em cima da mesa, ela vê seu relógio...

sábado, 12 de março de 2011

HOJE É TEMPO DE SER FELIZ!

Texto do Padre Fábio de Melo

A vida é fruto da decisão de cada momento. Talvez seja por isso, que a idéia de plantio seja tão reveladora sobre a arte de viver.

Viver é plantar. É atitude de constante semeadura, de deixar cair na terra de nossa existencia as mais diversas formas de sementes.

Cada escolha, por menor que seja, é uma forma de semente que lançamos sobre o canteiro que somos. Um dia, tudo o que agora silenciosamente plantamos, ou deixamos plantar em nós,será plantação que poderá ser vista de longe...

Para cada dia, o seu empenho. A sabedoria bíblica nos confirma isso, quando nos diz que "debaixo do céu há um tempo para cada coisa!"

Hoje, neste tempo que é seu, o futuro está sendo plantado. As escolhas que você procura, os amigos que você cultiva, as leituras que você faz, os valores que você abraça, os amores que você ama, tudo será determinante para a colheita futura.

Felicidade talvez seja isso: alegria de recolher da terra que somos, frutos que sejam agradáveis aos olhos!

Infelicidade, talvez seja o contrário.

O que não podemos perder de vista é que a vida não é real fora do cultivo. Sempre é tempo de lançar sementes... Sempre é tempo de recolher frutos. Tudo ao mesmo tempo. Sementes de ontem, frutos de hoje, Sementes de hoje, frutos de amanhã!

Por isso, não perca de vista o que você anda escolhendo para deixar cair na sua terra. Cuidado com os semeadores que não lhe amam. Eles têm o poder de estragar o resultado de muitas coisas.

Cuidado com os semeadores que você não conhece. Há muita maldade escondida em sorrisos sedutores...

Cuidado com aqueles que deixam cair qualquer coisa sobre você, afinal, você merece muito mais que qualquer coisa.

Cuidado com os amores passageiros... eles costumam deixar marcas dolorosas que não passam...

Cuidado com os invasores do seu corpo... eles não costumam voltar para ajudar a consertar a desordem...

Cuidado com os olhares de quem não sabe lhe amar... eles costumam lhe fazer esquecer que você vale à pena...

Cuidado com as palavras mentirosas que esparramam por aí... elas costumam estragar o nosso referencial da verdade...

Cuidado com as vozes que insistem em lhe recordar os seus defeitos... elas costumam prejudicar a sua visão sobre si mesmo.

Não tenha medo de se olhar no espelho. É nessa cara safada que você tem, que Deus resolveu expressar mais uma vez, o amor que Ele tem pelo mundo.

Não desanime de você, ainda que a colheita de hoje não seja muito feliz.

Não coloque um ponto final nas suas esperanças. Ainda há muito o que fazer, ainda há muito o que plantar, e o que amar nessa vida.

Ao invés de ficar parado no que você fez de errado, olhe para frente, e veja o que ainda pode ser feito...

A vida ainda não terminou. E já dizia o poeta "que os sonhos não envelhecem..."

Vai em frente. Sorriso no rosto e firmeza nas decisões.

Deus resolveu reformar o mundo, e escolheu o seu coração para iniciar a reforma.

Isso prova que Ele ainda acredita em você. E se Ele ainda acredita, quem sou eu pra duvidar...?

"Mas Deus prova o seu amor para conosco em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores."
Romanos5:8

 

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Sugestão de leitura: "Canteiros de Saturno"


Por Katia Gomes da Silva
O livro nos traz personagens magníficos. O enredo entrelaça-os, ora um é principal, noutra hora é o outro. Apaixonar-se por eles é tarefa fácil, pois Ana Maria Machado nos convida a contemplar a beleza e a simplicidade da vida por meio de suas palavras. Podemos retirar muitas lições das situações ocorridas e das conversas realizadas. Conversas essas que nos dá vontade de estar ali junto, no meio dos debates cotidianos, participando dos papos, sempre tão interessantes. Somos enriquecidos de informações culturais, literárias e outras. A história se passa na década de 1980, momento de transição no Brasil, época de urgência para uma democratização, muitas vezes banalizadas por nós, nos dias atuais, principalmente, os que já nasceram com ela e que acham tão natural algo que foi duramente batalhado e conquistado.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Corpos perdidos

Por Katia Gomes da Silva
Ah! Esse corpo magro e sarado
Sempre disposto, que não nega trabalho
Vontade de te abraçar como nunca e como sempre
Ter junto a mim seu corpo quente
Beijar-te desesperadamente
Sentir tua boca urgente
Tocá-lo quase como em descoberta
Fechar a saudade aberta
Deixar-te sem fôlego e sem ar
Contra o meu corpo te apertar
Com o seu toque me arrepiar
E ver tua boca a me procurar
Roçar a pele e te cheirar
Ouvir teus suspiros e te amar
Ter você mais uma vez dentro de mim
E de novo e outra vez e sempre assim
Novamente te beijar, abafando meus gemidos
Reencontro de corpos perdidos.