domingo, 21 de agosto de 2011

A casa dos saberes

Por Katia Gomes da Silva
As chaves fecham e abrem o livre desejar,
As cortinas sabem de desejos
que eu nunca pensei em contar.


Livros da estante acusam de não terem sido lidos,
As gavetas denunciam passados mantidos,
O guarda-roupa me alerta que há sentimentos a serem vestidos.


No banho, a água me bebe
E percebe
A agonia de problemas não resolvidos,
O fogão aquece sonhos perdidos,
A geladeira mantém pensamentos esquecidos.


Nos lençóis, repousam milagres abandonados,
O alarme desperta medos silenciados.


Os cd's entoam a voz da consciência,
O sofá senta as decisões com veemência.


Sob a mesa, estão contas vencidas de um futuro incerto
As janelas refletem a sombra do amor, que de perto,
Clama a paixão prometida.
A porta vigia a busca da solução, da melhor saída.


O ventilador refresca idéias inutilizadas,
A tv apresenta vontades acabadas.


O rádio narra notícias distantes do vizinho ao lado
A cama inflama e procura o corpo do amado.

6 comentários:

  1. Toc toc toc...

    Ô de casa,posso entrar?!!!
    Kátia,sabe-se tudo dentro desta casa.Que conforto há em suas palavras tão bem decoradas pela sua expressão!
    Não sei se saio pra buscar soluções.Prefiro esconder-me por entre as cortinas!!
    Posso ficar mais um pouquinho? Gostei desta casa,tenho muito que aprender!
    Adorei! Beijos da Cida

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  2. Essa sua averiguação de Sherlock Holmes, um verdadeiro raio-x... Quase pode-se ver a alma dos que ali moram ou passaram.

    Muito bom! Parabéns.

    Bjs.

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  3. Kátia,

    Gostei bastante do envolvimento poético que você escolheu. É uma casa que dá vontade de sempre voltar para saber o que será sentido a cada visita. Como estou numa fase de faxina destaco:

    "As gavetas denunciam passados mantidos"
    "No banho, a água me bebe
    E percebe
    A agonia de problemas não resolvidos"


    Adorei!!!!
    Grande bj.

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  4. Kátia, minha poeta!
    Simplesmente DELICIOSO, CALMO, SUAVE. Chego a sentir os cheiros e o frescor das cortinas e o morno dos lençóis!
    Entrar nessa casa dá vontade de ficar lendo um delicioso livro, esperando o corpo amado!
    Parabéns

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  5. Querida Katia,

    Você esta ficando cada vez melhor na arte de poetizar a vida.

    Muito me agrada esta humilde casa, em alguns pontos parece com a minha. Um dia espero visitar esta casa. rs...

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  6. Queridos amigos,
    Todos são muito bem vindos, entrem e sintam-se em casa. Aproveitem para fazer a faxina, como Eliana falou, ela é sempre necessária. Cidoca, esconder-se atrás das cortinas? Para que esconder a beleza da vida? Abra as cortinas e as janelas, veja a vida que lhe convida fora de casa e sinta-se convidada a sair dela também. Assis, foi uma idéia quase investigativa mesmo, para retratar o mundo, essa eterna descoberta. Soninha, sempre tão sensível nas palavras, deguste, aproveitando para repensar os assuntos que tentei abordar com o jogo das palavras. Flavito, a casa é comum mesmo, pois está dentro de cada um de nós.

    Eu também adorei essa minha poesia. Soninha logo me disse: “é sua obra prima” rs. Foi esse sentido mesmo que tive. Há algum tempo buscava uma poesia desse tipo, escrevia, escrevia, vinha inspirações diversas, mas a tal não vinha. Assim que terminei, o sentimento foi que a tal tinha vindo finalmente, mostrando um amadurecimento em minha mente. Ainda tenho muito caminho pela frente e espero ter inspiração para que a tal venha outras vezes, cada vez mais bela e encantadora, assim como é a vida, essa coisa maravilhosa de se viver. Obrigada ao carinho especial de todos vocês, principalmente do Assis, que fizeram com que eu voltasse a escrever, pois eu tinha passado um bom tempo da minha vida afastada dos escritos poéticos.

    Beijinhos fraternos a todos,
    Katia

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