terça-feira, 21 de dezembro de 2010

A evolução do homem ao nada

Por Katia Gomes da Silva
O homem estudará tanto, pesquisará tanto, que concluirá que a forma de vida mais sensata e mais digna seja, talvez, àquela dos tempos da caverna, isto é, descobriremos que o mais certo seja o primitivo. Darwin até tinha razão, mas sua teoria estava ao contrário, ao invés de evoluirmos, retrocedemos.
Afinal, naquela época, poluíamos menos, comíamos o necessário, matávamos por extrema necessidade, assim como os outros animais, ou por fome ou por ameaça.
A idéia de propriedade não existia, pelo menos não na forma como a concebemos.
Monogamia não fazia sentido, parentesco não era lá essas coisas... nos juntávamos por interesses, continuação da espécie, e éramos honestos em relação a isso, ao invés de mentirmos tanto...
A natureza nos cercava e não o contrário, éramos continuidade e não dominação. E mesmo que nós a dominássemos, poderíamos ter sido mais justos com o mundo, perante as outras espécies e perante a nós mesmos.
Tínhamos tempo para os filhos, não existia televisão, nem internet e nem celular, e sobrevivíamos! Tínhamos nossa imaginação... àquela que perpetuou nossa espécie e não essa que se apaga entre nós, já que são os outros, e num futuro próximo as máquinas, que pensam por nós.
A vida com certeza era mais dura, com menos expectativas de duração e com mais insegurança, mas talvez soubéssemos administrá-la, amá-la e cuidá-la melhor do que hoje e é certo que não daríamos razão a coisas tão pequenas, as quais nos permitimos...
Inventamos tanto a nossa sociedade, criamos tantos valores, tantos conceitos, tantos significados que nem damos conta deles... Acabaram tornando-se armadilhas do nosso cotidiano. Sofremos, morremos por causa deles... Palavras nasceram com significados tão complexos e tão particulares que sentimos tantos sofrimentos desnecessários... A vida deve ser mais simples! A vida deve ter uma finalidade mais modesta, isto é, apenas sermos felizes! Por que será que a dificultamos tanto? Por que inventamos tanto? Criamos tantas formas de vida, que nos fazem escravas delas, parecendo até que nem vivemos...
Hobbes não pode ter razão, o homem não pode ser o lobo do homem, ele deve ter uma alma moral, deve existir uma cumplicidade da felicidade no íntimo de todas as pessoas. Ainda acredito na espécie humana, afinal, um dia a gente aprende. “Onde há vida, há esperança”.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

AS FLORES ROXAS

Por Katia Gomes da Silva
Anteontem, ao passar pelo Aterro do Flamengo, de ônibus, percebi algo peculiar, uma árvore belíssima de flores roxas. Aquela imagem do cotidiano, aquele retrato urbano foi colorido pelo roxo, aquele roxo das flores...
Ali, naquele instante, segundos rápidos se tornaram duradouros em minha mente, aquela cena tornou-se eterna, pois aquela árvore me passou tanta paz, tanta tranqüilidade... Aquela vida pura me inspirou tanta inocência, transparência e também, de certo modo, ardor, pois me fez sentir amor, paixão e outros sentimentos tão nobres que o ser humano não sabe curti-los em profundidade, já que possuímos tantos medos...
Aquela árvore... Um roxo que passava relaxamento, permissão, abertura, um desenho mental que traduzia o significado da palavra sim...
Era ela tão grande, tão próspera, tão roxa. Aquela árvore como tantas outras e tão única, tão peculiar, justamente pela sua singularidade.
Ah! O embelezamento que surgia daquelas flores... assim, simplesmente roxas.

Memórias póstumas do vazio de um problema

Por Katia Gomes da Silva
Quando eu vi, não parecia ser
As mesmas coisas de antes.
Senti-me tão perdido,
Mas mesmo assim, fui adiante...

A vida nem sempre traz
Tantas surpresas assim.
Por isso estou tão perplexo
E acho até que... enfim...

O que fazer num momento
Como esses... tão desigual,
Meio sem saída,
Chega a ser imoral!

O que será de minha essência
Nesse mais novo instante?
O que será de mim?
Já não ocorreu o bastante?

Por que, afinal, nos ensinam tudo
Se não damos conta da metade?
Esquecemos de um monte de coisas
E ignoramos a outra parte?

É neste círculo que me encontro,
Sem saber, sequer, tratar do tema.
Deixo, portanto, apenas isto...
Memórias póstumas do vazio de um problema!

Saudades do que não fui

Por Katia Gomes da Silva
Sinto saudades daquelas músicas
Que não foram do meu tempo.
Sinto saudades daquelas cores,
Daqueles dias, daquelas flores
Que eu nunca vi.

Sinto saudades daqueles vídeos
Que eu não assisti.
Sinto saudades dos caminhos
Que eu não andei.

Sinto saudades dos amores,
Das viagens, dos presentes
Que eu não tive.

Sinto saudades dos carnavais
Que eu não estava presente,
Das festas em que eu
Não fui convidado.

Sinto saudades do que
Eu não me permiti.

Sinto saudades da vida
Que eu não vivi,
Do tempo de antes,
Do curso da História
Que foi anterior a mim.

Será que eu vivi?
Ou minha vida está
No outro que não sou eu
E que viverá o que
Eu não viverei?
Afinal quem sou eu?

Ver a vida com que olhos?

Por Katia Gomes da Silva
Veja a vida com todo entusiasmo e
Encantos vistos com olhos de uma criança.
Veja a vida com toda a percepção
Causada pela experiência por um adulto.
Veja a vida com todo o amor, ação e suspense
Mostrado nos filmes e novelas.
Veja a vida com toda a doçura de uma jovem
Ou com toda a candura
De um anjo desenhado num quadro.
Abra esses olhos e verás paisagens que passaram
E que você não deu valor.
Veja a vida com os olhos de quem está condenado à morte,
Com todo esse ardor!
Não vede seus olhos para as maravilhas
E perfeições do mundo.
Não cometa esse absurdo!
Você só tem uma oportunidade
Para ver
E uma eternidade
Para esquecer.
E antes de tudo,
Abra esses olhos virgens
Para a vida de cores
Que se abrirá para você
E você só irá perceber
Se estiver realmente disposto a VER.