segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

A História em travessia


A História, essa com “H” maiúsculo, está precisando sentar no divã e ter várias sessões de psicanálise. Ela está com vários traumas e assuntos mal-resolvidos. Está precisando analisar e reavaliar seu passado para minimizar algumas crises do presente. Assim, ela verá que o futuro desejado não é utópico, ou continuará com essa sensação do impossível se não estiver disposta a discutir seus fantasmas do passado.

O presente está do jeito que está, porque assim foi construído antes. É claro que a vida e o tempo possuem autonomia. Há a causalidade do passado, mas não é uma ligação direta de consequência previsível, às vezes o que se dá é exatamente o contrário, uma resposta inversa à sequência esperada. Isso tem a ver com essa autonomia do desenrolar da vida. No entanto, ainda há a relação direta com os fatos que sucederam.

A História precisa entender que as coisas não são tão naturais do jeito que ela imagina. Ela é responsável pelas atitudes e ações tomadas. Ela só poderá avançar para um período mais justo quando compreender que essa naturalização foi uma estratégia de perpetuação de situações e manutenção de determinada ordem. Isso tem atrapalhado a possibilidade de conscientização dos processos para que venham a acontecer transformações e rupturas.

Se a História fizer um esforço pra se lembrar, verá que sua situação atual é muito recente, em termos históricos mesmo. Se ela recordar, verá quantas reorganizações e quantas mudanças ela passou. Saberá, então, que outros futuros são possíveis, pois outros passados também foram.

Se a História se esforçar para reconhecer seu passado, verá quantos sujeitos ela não escutou ou desumanizou.

Se a História se repensar, verá que ela nunca foi História, verá que ela sempre foi histórias, assim em “h” minúsculo e no plural. Ela já está se percebendo dessa maneira, já está tendo avanços na terapia da vida temporal. Ela já está assimilando o fim da grande narrativa. Na sua multiplicidade, que pode parecer confusa para alguns, mas que está mais clara do que nunca para outros, ela encontrará novas situações e relações de viver o mundo. Com isso, sendo mais DEMOCRÁTICA...

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