Desta vida, não temos como carregar muitas certezas, mas duas são certas: o tempo vai passar e a gente, um dia, vai morrer. Essas duas certezas inexoráveis da vida nos garante que a mudança é possível. É possível, porque o tempo vai passar e as pessoas vão morrer e quando novas pessoas nascerem e os tempos já serem outros, a esperança que parecia ser vã pode, então, se concretizar. Talvez em passos curtos ou em alguns poucos degraus acima, no entanto, o movimento acontece, a sorte é sempre lançada pelo destino dos homens, feito pelos homens.
O tempo nos ensina, nos amadurece, nos possibilita entender melhor as coisas. O tempo nos forma e nos reforma o tempo todo. Só o tempo mostra o que foi e como foi, embora, com o passar do tempo venhamos a dar novas interpretações a esse mesmo passado vivido e analisado. O bom da certeza de que o tempo passará é ter o alívio de que tristezas vão passar, que dores vão ficar pra trás, apesar de também sabermos que novas tristezas e novas dores ainda estarão por vir. Afinal, a vida é também tristeza e dor. Essas são formas didáticas de se entender a vida. E se o tempo passa, muita coisa passa, muita gente passa. O que damos importância hoje, talvez nem venhamos a lembrar amanhã, ou depois de amanhã. Ou o que não damos importância hoje, talvez venhamos a nos arrepender depois, exatamente porque tudo passa e se já passou, já foi, não volta mais. Ou até pode voltar, mas não será mais como antes, já será outra coisa.
Já a morte nos direciona, possibilita criarmos projetos, pode fazer a gente ser justo. Por isso que a morte precisa ser implacável. Assim, ela favorece a constante mudança, como também nos induz a ter iniciativa, a ter força de vontade de dar um sentido à vida. Tendo a nossa vida um sentido, a justiça se mostra como uma possibilidade, seja pelo medo de um castigo divino nesta, em outra ou além da vida, seja porque a nossa não-imortalidade simplesmente faz a gente querer corrigir coisas e pensar no futuro como herança para os "nossos".
E, afinal, o que deixamos para nosso futuro e para o futuro dos "nossos"? Ah! Isso dá um assunto infinito! Deixa a roda viva se mostrar... rsrs